Farmácia Móvel: nova alternativa de levar assistência farmacêutica à população
Fonte: Assessoria de Comunicação / CRF-PR
Data de publicação: 26 de março de 2019
Facilitar o acesso da população à assistência farmacêutica é uma missão importante para a saúde coletiva. Porém, entravada em questões financeiras e econômicas, a atividade acaba ficando em segundo plano, classificada como difícil de implantar e a população, mais uma vez, sofre as consequências de ficar sem o auxílio necessário na promoção, proteção e recuperação da sua saúde, principalmente na administração e obtenção de medicamentos e insumos essenciais. Hoje, cidadãos de distritos distantes precisam deslocar grandes percursos para chegar até aos pontos de distribuição de medicamentos e quando possível, ter acesso ao farmacêutico e suas orientações.
O município de Maringá adotou uma alternativa que está gerando ótimos resultados. A Farmácia Móvel é um programa que leva medicamentos psicotrópicos aos bairros e distritos do município, com acompanhamento farmacoterapêutico e logística do projeto, administrados por farmacêuticos. O projeto é aprovado pelo CRF-PR, através da Deliberação 953/2018, que dispõe sobre o registro e atividade profissional de farmacêutico em farmácia pública móvel urbana ou rural, com atendimento em serviços de saúde eventual.
O serviço funciona por meio de um veículo automotor específico, em localidades urbanas ou rurais, onde os medicamentos serão transportados e dispensados na própria unidade móvel ou em local previamente preparado para a dispensação em Unidades Básicas de Saúde (UBS) com atendimento de serviço de saúde e médico de forma eventual. Para efeitos de registro e fiscalização, considera-se farmácia pública móvel a unidade exclusivamente vinculada a um serviço farmacêutico público de saúde, destinada a prestar assistência farmacêutica e à saúde, orientação sanitária individual e coletiva, bem como a dispensação exclusiva de medicamentos e correlatos, com deslocamento dentro do município ou na área de abrangência de determinado serviço de saúde regionalizado, objetivando a assistência plena por profissional farmacêutico aos pacientes. O assunto foi amplamente discutido pelos Diretores e Conselheiros do CRF-PR em Reuniões Plenárias de 2018, resultando na regulação do serviço para os municípios paranaenses. Para explicar como funciona o projeto em Maringá, entrevistamos a Dra. Larissa de Souza Zanolli, Gerente de Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura Municipal de Maringá. Dra. Larissa trabalhou ativamente junto ao CRF-PR na produção da Deliberação 953/2018.
Como surgiu a ideia do projeto?
O projeto Farmácia Móvel surgiu através da reestruturação da Assistência Farmacêutica no município de Maringá em virtude da criação da Gerência de Assistência Farmacêutica em 2017, pela atual gestão municipal, que identificou a necessidade de ampliação do acesso à população maringaense a medicamentos regidos pela Portaria 344/98, garantindo assim o cumprimento da farmacoterapia ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, o projeto foi elaborado pensando em atender os distritos de Iguatemi e Floriano, pela dificuldade do acesso aos cidadãos dessas regiões aos medicamentos de controle especial. Atualmente, o projeto atende 18 unidades de saúde, de acordo com a avaliação demográfica e demanda por necessidade do serviço. As unidades atendidas pelo programa passaram a contar com a dispensação de medicamentos psicoativos, por profissional farmacêutico, em dia estabelecido, de acordo com o cronograma prévio, fixado pela coordenação do projeto.
Quantos farmacêuticos atuam na Farmácia Móvel?
Atualmente, o projeto conta com um profissional farmacêutico, responsável pelo acompanhamento farmacoterapêutico da população atendida, um estagiário de Farmácia e uma equipe de apoio com outros dois profissionais farmacêuticos, responsáveis pela coordenação e logística do projeto.
Quantos atendimentos são realizados por dia e quantos foram feitos até hoje?
Desde sua implantação em dezembro de 2017, foram atendidos cerca de 6.920 usuários, sendo dispensados em torno de 550.940 mil unidades de medicamentos regidos pela Portaria 344/98. A UBS Iguatemi tem o maior número de atendimentos mensais, totalizando, em média, 70 atendimentos por dia de visita.
Como foram definidas as regiões que seriam atendidas pela Farmácia Móvel?
O projeto atende aos contribuintes do município de Maringá, priorizando o atendimento aos usuários dos distritos de Iguatemi e Floriano, que ficam a cerca de 16 quilômetros da comarca de Maringá e recebem a visita da Farmácia Móvel a cada 15 dias. A definição de quais unidades de saúde receberiam o serviço se deu pela avaliação da demanda populacional, através da avaliação do número de atendimentos mensais, registrados no Sistema Gestor Saúde. A visita da unidade de Farmácia Móvel é programada para coincidir com o dia do Grupo de Saúde Mental da UBS, sendo disponibilizado calendário trimestral. A divulgação do calendário é realizada na página da Prefeitura Municipal de Maringá, Portal Saúde Maringá e pré-fixada nos quadros de aviso das UBS.
Como é o armazenamento dos medicamentos nos veículos?
Para a implementação do projeto, a adequação de veículo automotivo foi realizada. A ambulância foi reformada internamente, recebendo dispositivos relacionados a guarda dos medicamentos de controle especial. Todos os móveis foram adequadamente planejados para atender as necessidades do serviço. Com relação às condições sanitárias da guarda dos medicamentos, o Manual de Boas Práticas foi aprovado pela Vigilância Sanitária local, que expediu a autorização de funcionamento. O veículo fica estacionado dentro da Central de Abastecimento Farmacêutico para que sejam garantidas as condições de armazenamento para os medicamentos.
Você considera este modelo ideal para prestar um serviço de assistência farmacêutica com excelência à população?
A Farmácia Móvel visa consolidar a promoção e proteção da saúde, em nível individual e coletivo e faz parte da política de saúde do município, respeitando os princípios do Sistema Único de Saúde, orientando para garantir a redução das desigualdades em saúde, principalmente pela ampliação do acesso aos medicamentos e pela redução dos riscos e agravos, assegurando o seu uso racional dos medicamentos. O projeto busca ainda aproximar o profissional farmacêutico da população atendida. Sabe-se que a Assistência Farmacêutica no SUS, em muitos casos, atua relacionada somente às questões de logística do medicamento do ponto de vista da gestão e das políticas públicas. Com a implantação do projeto, a gerência de Assistência Farmacêutica buscou promover o acompanhamento farmacoterapêutico, onde o farmacêutico pode mais facilmente rever a medicação do paciente, prestar informações sobre uso correto, ou seja, atuando junto à população assistida, na promoção do uso racional, conscientizando a comunidade sobre o fator de risco quando se usa medicamentos incorretamente.
Na Farmácia Móvel, o farmacêutico consegue atender clinicamente os pacientes?
Sim, pela interação direta com os usuários, o aconselhamento realizado tem o intuito de reduzir ocorrências de reações adversas a medicamentos. Isso tem aumentando a adesão ao tratamento e colaborado para a melhoria na saúde dos usuários.
E sobre os pacientes, eles ficam satisfeitos com serviço?
O projeto tem recebido elogios dos usuários, principalmente relacionados à facilidade do acesso.
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