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Tratamento com medicação ainda na fase pré-hipertensiva reduz riscos
Data de publicação: 3 de março de 2017
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) apresentou na última semana um estudo que pode mudar as indicações de tratamento da hipertensão, uma das principais causas de morte no mundo e o principal fator de risco em doenças cardiovasculares. A pesquisa, batizada de Prever e coordenada pelos professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Sandra e Flávio Fuchs, mostrou que cuidar da pressão quando ela ainda está em valores como 12 por 8 e menor que 14 por 9 – a chamada pré-hipertensão – reduz drasticamente o risco de desenvolver a hipertensão, quando a pressão arterial é maior ou igual a 14 por 9.
O estudo também revelou a eficiência de dois diuréticos na luta contra o problema: a cloritalidona e a amilorida. Os medicamentos, quando combinados, apresentaram melhores resultados que a losartana, oferecida atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no programa Farmácia Popular. Os diuréticos seriam, inclusive, mais baratos.
O Prever foi dividido em dois estudos independentes, o Prever 1 – Prevenção e o Prever 2 – Tratamento. No primeiro, foram analisados pré-hipertensos, entre 30 e 70 anos, sem doenças cardiovasculares. Dos 18 mil avaliados inicialmente, cerca de 1,4 mil foram selecionados e aceitaram mudar o estilo de vida, adotando hábitos mais saudáveis. Depois de três meses, 730 ainda permaneciam pré-hipertensos.
A partir daí, o grupo foi sorteado para tomar os diuréticos associados ou placebo. Após 18 meses, a turma que tomou a medicação conseguiu reduzir em quase 45% os valores da pressão arterial em relação aos que ingeriram placebo. Isto, segundo a professora Sandra Fuchs, traz evidências da importância de o tratamento contra a hipertensão começar já na fase pré-hipertensiva, com doses baixas de diuréticos. “O tratamento com diuréticos também diminuiu a massa do coração. Isso significa menor risco de doenças cardiovasculares”, completa Sandra.
Nas avaliações do Prever 2, foram selecionados 655 hipertensos, que também foram divididos em dois grupos – um recebeu a combinação de diuréticos e outro, a losartana. Em consultas periódicas, a pressão arterial foi aferida e notou-se, ao fim de um ano e meio, que os pacientes tratados com diuréticos tiveram redução maior da pressão que os que ingeriram a losartana. Este segundo grupo, inclusive, precisou aumentar as doses de anti-hipertensivo ao longo das consultas. “Nosso estudo mostra que a losartana é menos eficiente. Claro, entendemos que muita gente contesta isso. A maioria dos médicos receita a losartana porque ela é bem tolerada, mas ela não previne infarto, previne AVC (acidente vascular cerebral). Os diuréticos são mais baratos, poderiam representar economia na saúde pública”, avalia Flávio Fuchs.
Limite máximo
Diante dos dados, aqueles que têm pressão arterial 12 por 8 podem estar se perguntando se devem correr para o médico e iniciar um tratamento. Não é bem assim. Os pesquisadores do Clínicas ressaltam que uma medição casual da pressão não é a melhor forma de descobrir problemas; é preciso uma avaliação periódica para que se tenha um valor mais seguro, que indique a chamada pressão usual.
Os parâmetros atuais adotados no Brasil ainda consideram a pressão 12 por 8 normal, mas, como apontam estudos, o ideal seria abaixo disso. Por isso, muitos pesquisadores (e médicos) preferem apostar em valores menores que 12 por 8 como pressão ideal.
Independentemente disso, a prevenção da pré e da hipertensão passa por uma alimentação saudável, que valoriza frutas e verduras, aliada à redução do consumo de sódio, além da prática regular de atividade física. Sugere-se que jovens saudáveis verifiquem ao menos uma vez por ano a pressão arterial.
Fonte: Gazeta do Povo
Fonte: Gazeta do Povo
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