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Combate ao câncer de mama ganha forte aliado
Data de publicação: 28 de setembro de 2016
A luta contra o câncer de mama está ganhando mais um forte aliado. Um estudo realizado pelo médico Lourenço Sehbe De Carli mostra que o uso do conceito ABVS (Automated Breast Volume Scanner) pode aumentar as chances de detecção do câncer de mama. O conceito trata do uso combinado da tradicional mamografia com a ecografia, chamado de aquisição volumétrica de imagens via ultrassom com ABVS acoplado.
Nos testes realizados pelo dr. De Carli, foi utilizado um ultrassom Siemens ACUSONHELX S2000. Ele explica que a regra para exames preventivos é que, a partir dos 40 anos, as mulheres realizem uma mamografia por ano.Este exame, de acordo como médico, tem uma eficiência que varia entre 80% e 85%. “Se a mamografia for realizada combinada com a ecografia, esse percentual de eficiência passa de 90%, daí a importância de que ele seja incluído na prevenção”, defende.
Ainda sobre a eficiência, De Carli lembra que, a cada mil mamografias realizadas aleatoriamente, são encontrados entre quatro e cinco casos de câncer. Com o uso do ABVS, esse número passa para algo entre sete e oito casos.
Há vantagens econômicas também. Em um capítulo do livro Compêndio de Mastologia, escrito por ele, De Carli descreve a possibilidade de se colocar um técnico, tecnólogo ou biomédico para fazer a aquisição automática de imagens, em vez de um médico. “O médico será responsável apenas pelo laudo, o que reduz o tempo dele na clínica e o custo de aquisição da imagem, sem perda de qualidade”, afirma.
Para o médico, o uso do ABVS tende a revolucionar o exame de mamas, hoje um dos mais complexos realizados na área de ultrassom. Entre os obstáculos estão a alta incidência de falso positivo e falso negativo e o curto tempo de agendamento que muitas clínicas adotam na rotina, geralmente menos de dez minutos. “Com o ABVS é possível padronizar os exames e reduzir custos com alta qualidade de imagem, pois a tecnologia reconstrói tridimensionalmente a mama e reduz o tempo do exame, de 20 minutos para algo entre 10 e 15 minutos, dependendo da densidade da mama”, explica.
De Carli lembra que, na prática, os dois exames já são utilizados no tratamento. “O objetivo é fazer o exame quando a paciente ainda não sente nada. Falamos da fase pré-clínica, em que é possível surpreender a doença”, defende.
Novos exames garatem resultados mais precisos
Novos exames garatem resultados mais precisos
A evolução da medicina nuclear tem feito com que ela se torne um dos maiores aliados na luta contra os diversos tipos de câncer. Um exemplo é o exame de PET-CT, ou tomografia por emissão de pósitrons combinada com a tomografia computadorizada, hoje um dos mais modernos e poderosos utilizados na avaliação de pacientes com câncer.
O médico nuclear e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Cláudio Tinoco Mesquita, explica que o exame é aplicado na detecção precoce e acurada das lesões causadas por câncer e na avaliação de suas metástases. “Ele auxilia o médico oncologista na definição do plano de tratamento dos pacientes e em sua posterior avaliação. O mesmo paciente que fez um PET para detectar a extensão do linfoma, pode fazer outro depois do tratamento para saber se as células ainda estão vivas”, explica.
Com este alcance, seria de se imaginar que o Sistema Único de Saúde (SUS) estaria investindo para garantir acesso ao exame aos pacientes com diversos tipos de câncer, mas não é bem assim. De acordo com Mesquita,o exame foi incorporado pelo SUS no ano passado, mas somente para tumores de pulmão, de cólon e para lesões no fígado. “São poucas indicações. Nos Estados Unidos, o PET-CT tem mais de 40 indicações e, mesmo aqui, os planos de saúde cobrem oito indicações, abrangendo mama, esôfago, melanoma, cabeça e outros”, diz.
Além disso, o País não conta com equipamentos em número suficiente para atender à população. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 150 aparelhos instalados e espalhados por todos os estados, mas um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) realizado em 2015 indicou a necessidade de se duplicar esse número. Para Mesquita, é preciso não apenas ampliar o número de indicações cobertas pelo SUS (a ANS propôs sete novas, que devem ser incluídas em 2018), como também a quantidade de aparelhos e de profissionais formados em medicina nuclear.
“Há muitos centros de referência que não contam com esse recurso, por isso temos trabalhado para induzir um plano de expansão, especialmente no SUS”, defende o presidente da SBMN, lembrando que o PET-CT é o exame por imagem que mais demorou a chegar no Brasil. “Até hoje vemos pacientes saindo do País para fazer exames no Uruguai e no Chile por conta disso. O PET-CT é indispensável para o manejo do paciente com câncer”.
Por dentro do exame
A eficiência do exame de PET-CT se deve ao fato de ele ser feito por um equipamento híbrido. De acordo como gerente de produto de imagem molecular da Siemens, Daniel Santolin, o equipamento utilizado combina duas modalidades em um único sistema: a medicina nuclear e a radiologia. “Com este exame, o médico tem uma imagem gerada por medicina nuclear fusionada com uma imagem de tomografia.
A primeira traz informações sobre o metabolismo do paciente, identificando como as células dele estão respondendo ao exame. Quando você acopla esta imagem à tomografia, você tem também informações anatômicas”, explica.
Para a obtenção do resultado, o exame é feito por meio da administração, no paciente, de um radiofármaco à base de glicose, chamado demarcador, que leva o organismo a uma reação. Um dos radiofármacos mais utilizados é o FDG18, marcado com uma partícula radioativa. “O equipamento detecta a marcação que vem deste elemento.
Quando injetado o fármaco no paciente, as células tumorais captam o excesso de glicose, que fica acumulado nas regiões cancerígenas. O equipamento identifica a radiação, permitindo identificar uma anomalia, ou região de interesse que deve ser estudada”, diz.
Quando a imagem da tomografia é sobreposta, o médico consegue uma visão anatômica perfeita sobre a localização do tumor e pode distinguir exatamente em que região está ocorrendo o processo de lesão. “O exame é muito utilizado no setor de oncologia, mas ele vai além. É indicado também em cardiologia e neurologia”, ressalta Santolin.
Fonte: Estadão
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