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Estudo confirma relação de Zika e Guillain-Barré


Data de publicação: 8 de março de 2016

Uma análise de amostras de sangue a partir do surto de vírus Zika na Polinésia Francesa em 2013 e 2014 reforça a ligação com a síndrome de Guillain-Barré (SGB) e sugere uma incidência de SGB de 24 por 100.000 pacientes com Zika, os investigadores relatam esses resultados em artigo publicado online em 29 de fevereiro no Lancet (1). A necessidade de unidade de terapia intensiva (UTI) e suporte respiratório de pacientes portadores do vírus Zika que desenvolvem SGB é susceptível de se tornar mais um desafio de saúde pública Brasil.

Dr. Cao-Lormeau e colegas em Paris e Tahiti projetaram o estudo caso-controle para determinar se o vírus Zika, com ou sem infecção por dengue concomitante ou prévia (também comum na Polinésia Francesa), pode ser um fator de risco para SGB.

Todos os pacientes com suspeita de SGB na Polinésia Francesa são rotineiramente referenciados ao Centre Hospitalier de la Polynésie Française para confirmação por estudos de condução do nervo motor padrão, mediano, ulnar e fibular, e por estudos de condução nervosa sensorial dos nervos radial e sural.

Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de todos os 42 pacientes com diagnóstico de SGB no Centre Hospitalier de la Polynésie Française durante o período de outubro de 2013 a abril de 2014, surto de Zika na Polinésia Francesa, que foi o maior surto conhecido na época. Eles compararam esses dados com dados de dois grupos de controle. O primeiro grupo de controle (n = 98, pareado por idade, sexo e ilha de residência) foi tratado no mesmo hospital, mas não tinha história de febre pelo Zika. O segundo grupo não-SGB, (n = 70) testaram positivo para a infecção pelo vírus Zika, mas não tiveram sintomas neurológicos de SGB.

Os pacientes com SGB apresentaram: fraqueza muscular generalizada (74%), incapacidade de andar (44%), e/ou paralisia facial (64%). Dezesseis desses 42 pacientes (38%) foram internados na UTI, e 12 (29%) necessitaram de assistência respiratória. O tempo mediano de hospitalização foi de 11 dias para todos os pacientes com SGB e 51 dias para os admitidos a UTI. Todos foram tratados com imunoglobulinas, e um necessitou de plasmaférese, mas após três meses da alta, apenas 24 (57%) recuperou a capacidade de andar sem ajuda.



Nenhum dos pacientes com SGB apresentou viremia por Zika no momento da admissão hospitalar, mas 88% relataram ter tido uma doença transitória em uma mediana de 6 dias antes do início dos sintomas neurológicos. Além disso, 41 dos 42 pacientes com SGB (98%) foram positivos para o vírus Zika com base na reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa em comparação com 35 (36%) dos 98 pacientes no primeiro grupo de controle (odds ratio OR, 59,7; P <0,0001). Todos os pacientes com SGB (100%) apresentaram anticorpos neutralizantes contra o vírus da Zika, assim como 54 (56%) do primeiro grupo de controle (OR, 34,1; P <0,0001).

História da dengue não foi significativamente diferente entre os três grupos de pacientes, e os investigadores concluíram que a dengue não aumentou o risco para SGB em pacientes infectados por Zika.

Comentário

Essa é a primeira evidência robusta da ligação entre infecção por Zika vírus e SGB, e deve ser considerada com cautela pelas autoridades sanitárias brasileiras, que devem monitorar cuidadosamente a incidência dessa condição no país, e estar preparados para sua gestão.

Referência

Cao-Lormeau V-M, Blake A, Mons S, Lastère S, Roche C, Vanhomwegen J, et al. Guillain-Barré Syndrome outbreak associated with Zika virus infection in French Polynesia: a case-control study. Lancet Internet. Elsevier; cited 2016 Mar 1; Available from: http://www.thelancet.com/article/S0140673616005626/fulltext

Fonte: Farmacêutico Clínico


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