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Analgésicos têm surtido efeito menor em pacientes com chikungunya
Data de publicação: 8 de março de 2016
Os analgésicos normalmente prescritos para aliviar a dor causada por arboviroses não têm surtido o mesmo efeito em casos de chikungunya. A informação é do médico Carlos Brito, pesquisador colaborador da Fiocruz no Recife, e faz parte do protocolo de tratamento da dor na chikungunya, que será lançado este mês no Brasil inteiro pelo Ministério da Saúde (MS). O documento está em fase de finalização e vai nortear o tratamento da doença com doses e medicamentos específicos.
A reportagem da TV Globo entrevistou pacientes com chikungunya e os relatos são unânimes: o paracetamol, nas doses habituais, não tem aliviado as dores. A dona de casa Maria José de Melo é uma das que sofre com dores nos ombros, mãos, pés e joelhos. "O remédio que o médico passa não tem 'retorno'. Dá cinco minutos, a dor volta", reclama.
Somente no estado, são mais de 6 mil casos suspeitos da doença, de acordo com números da Secretaria Estadual de Saúde (SES). "Estamos finalizando esse protocolo que foca no tratamento da dor na chikungunya. Sabemos que é uma doença que causa muita dor, uma dor que tem características e padrões diferentes, e que não responde aos analgésicos normalmente prescritos pelos médicos. Requer doses diferentes e às vezes, dependendo da intensidade, medicamentos diferentes. Mas é preciso cautela", explica ele, que integra o grupo que elabora o manual.
O documento é voltado para os profissionais de saúde, não para a população. Carlos Brito alerta para o risco da automedicação, sobretudo numa doença agressiva como a chikungunya. "Estabelecemos doses maiores, outros analgésicos, mas isso tudo para o médico. O pessoal se automedica, mas um remédio usado de forma errada tem o risco de vários efeitos adversos", ressalta.
Um guia anterior, intitulado "Febre de chikungunya: manejo clínico" e publicado pelo Ministério da Saúde em fevereiro do ano passado, afirma: "A droga de escolha é o paracetamol, podendo ser utilizada a dipirona para alívio da dor e febre".
O pesquisador informa, com base na literatura médica, que metade das pessoas acometidas com chikungunya, ao final da doença, permanece com dores crônicas por meses e até anos. Brito diz que a estimativa é que de 30% a 50% da população seja acometida pelo problema, o que reforça a necessidade de um tratamento adequado e específico, que alivie essas dores.
O novo protocolo está sendo elaborado por clínicos, reumatologistas, infectologistas e especialistas em dor, entre outros profissionais de saúde. "É um quadro de comprometimento articular que incapacita muita gente. Vamos dar detalhes de como conduzir esses pacientes e sistematizar essas informações, para melhorar a qualidade de vida deles", explica.
O documento começou a ser discutido em uma reunião no início do mês no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e também foi debatido na semana passada, durante um workshop no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz), na Cidade Universitária, no Recife.
Fonte: G1
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