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Brasil importa 85% dos princípios ativos para a fabricação de medicamentos
Fonte: Gestão de Logística Hospitalar
Data de publicação: 27 de maio de 2015
A pesquisa clínica, fundamental para a criação de novos medicamentos, precisa encontrar um contexto mais favorável no Brasil para que o país possa deixar de ser tão dependente de matéria-prima importada. Hoje, a maioria dos medicamentos é produzida com princípios ativos trazidos do exterior e, como resultado, temos um déficit de US$ 5,5 bilhões na balança comercial do setor.
Mesmo com as exportações crescendo em ritmo superior às importações, a diferença ainda está longe de ser compensada.
Mesmo com as exportações crescendo em ritmo superior às importações, a diferença ainda está longe de ser compensada.
“O Brasil não conseguiu reproduzir o ambiente de cooperação entre governos, universidades e iniciativa privada. Os principais centros geradores de novas drogas são centros em que o governo apoia pesadamente a pesquisa básica; a indústria e a universidade trabalham de forma muito integrada para transformar a pesquisa básica em pesquisa aplicada, o que significa novos medicamentos no mercado”, afirma Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).
Contudo, existe muita resistência das universidades em trabalhar com a iniciativa privada e a iniciativa privada resiste em assumir riscos, característica da pesquisa clínica. Para que um medicamento seja criado, cerca de 10 mil moléculas são pesquisadas sem sucesso e aproximadamente US$ 900 milhões são investidos durante 10 anos de pesquisas. É um investimento de risco.
Mundo afora, a indústria farmacêutica fatura cerca de US$ 1 trilhão por ano e investe entre 12% e 16% em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos. Isso significa algo entre US$ 120 bilhões e US$ 160 bilhões; enquanto o Brasil investe apenas US$ 300 milhões por ano. “O Brasil tem uma posição medíocre na descoberta, no desenvolvimento e no patenteamento de novos medicamentos. A posição é medíocre e desproporcional à qualidade da nossa ciência; considerando a qualidade dos cientistas que já temos, poderíamos ser muito mais importantes nessa área”, analisa Britto.
Além da integração entre governo, universidade e iniciativa privada, o tempo de aprovação da pesquisa clínica continua sendo um obstáculo importante para o avanço da inovação. “Para que um estudo seja aprovado na Coreia, leva 30 dias; nos Estados Unidos, de 45 a 60 dias; na Europa, de 60 a 75 dias, enquanto no Brasil chega a levar 365 dias”, compara o presidente-executivo da Interfarma.
Mais de 186 mil estudos clínicos estão sendo realizados no mundo, enquanto o Brasil tem cerca de 4,3 mil pesquisas em andamento. Isso coloca o país em 15º no ranking da pesquisa clínica, com 2,3% do total.
Estudos abandonados
Um levantamento da Interfarma revela que sete farmacêuticas deixaram de realizar no país 16 estudos nos últimos seis meses nas áreas de câncer, cardiopatias, doenças raras, depressão e esclerose múltipla; área de extrema importância para a saúde. As doenças cardiovasculares, por exemplo, representam a principal causa de morte no país; o câncer tem mais de 500 mil novos casos diagnosticados por ano; a depressão está entre as doenças mais incapacitantes do mundo. “Estamos perdendo estudos importantes, que já poderiam estar salvando vidas”, alerta Britto.
Um levantamento da Interfarma revela que sete farmacêuticas deixaram de realizar no país 16 estudos nos últimos seis meses nas áreas de câncer, cardiopatias, doenças raras, depressão e esclerose múltipla; área de extrema importância para a saúde. As doenças cardiovasculares, por exemplo, representam a principal causa de morte no país; o câncer tem mais de 500 mil novos casos diagnosticados por ano; a depressão está entre as doenças mais incapacitantes do mundo. “Estamos perdendo estudos importantes, que já poderiam estar salvando vidas”, alerta Britto.
Além disso, há o prejuízo para a inovação e o aperfeiçoamento científico no país. Quando os estudos se concentram em outras nações, o pesquisador brasileiro enfrenta um obstáculo a mais para a sua qualificação profissional e para a propagação do conhecimento científico no Brasil. “O conhecimento está sendo produzido, temos a chance de participar, mas acabamos deixados de lado”, lamenta o presidente-executivo da Interfarma.
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