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Presidente do CFF leva experiência brasileira com prescrição farmacêutica aos paraguaios


Fonte: CFF
Data de publicação: 7 de maio de 2015
Créditos: CFF

A experiência brasileira com a prescrição farmacêutica será um dos temas do “VIII Congresso de Ciências Químicas”, realizado pela Associação de Químicos Farmacêuticos do Paraguai (AQUIMFARP), em Assunção (Paraguai), de 7 a 9 de maio de 2015. A prescrição foi autorizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio da Resolução número 586, de 29 de agosto de 2013. O Presidente do órgão, Walter Jorge João, embarca, nesta quarta-feira (06.05), para a capital paraguaia, onde fará uma palestra sobre o assunto, a convite da AQUIMFARP.

“Nossa experiência com a prescrição farmacêutica é muito rica, porque a aprovação deste ato envolveu democraticamente todas as entidades farmacêuticas brasileiras. Como em nenhum outro momento, todas elas uniram-se ao CFF, da concepção da proposta à sua aprovação pelo Plenário do órgão e à sua implantação. A união foi motivada pela convicção dos farmacêuticos de que a prescrição impactaria positivamente na saúde da população”. A explicação é do Presidente do Conselho Federal de Farmácia. Dr. Walter Jorge espera que o interesse dos países vizinhos pela prescrição regulamentada, no Brasil, resulte em sua implantação, nos mesmos.

MÚLTIPLOS BENEFÍCIOS DA PRESCRIÇÃO 

O Presidente do CFF dirá aos farmacêuticos paraguaios que a prescrição contribuirá enormemente para mudar a trágica realidade associada ao uso de medicamentos, no Brasil, marcada por interações medicamentosas indesejáveis, intoxicações e não adesão do paciente ao tratamento, situações que, tantas vezes, resultam em volumosos casos de hospitalizações evitáveis, gerando transtornos aos pacientes e familiares e impondo pesados ônus aos sistemas público e privado de saúde. Problemas relacionados ao uso de medicamentos, observou o Presidente, não resultam necessariamente em hospitalizações, mas podem causar problemas de menor gravidade na saúde dos seus usuários.

Walter Jorge fez questão de ressaltar que a prescrição é parte de um contexto farmacêutico que envolve todo o conjunto de serviços e atos profissionais – inclusive o de educador em saúde - prestados, nas farmácias comunitárias. Juntos, eles representam uma enorme força em defesa dos usuários de medicamentos e podem minimizar os problemas relacionados ao uso de medicamentos, levando à efetividade do tratamento e ao fortalecimento da política de uso racional do medicamento.

O dirigente do Conselho Federal de Farmácia citou dados disponíveis no DATASUS (Departamento de Informática do SUS) e divulgados no livro “Cuidados Farmacêuticos na Atenção Básica” (Caderno 1: Serviços Farmacêuticos na Atenção Básica à Saúde), publicado pelo Ministério da Saúde. Os dados revelam que, só em 2013, podem ter ocorrido, no País, entre 1,2 milhão e 3,2 milhões de internações de urgência ligadas a problemas relacionados aos medicamentos. Naquele ano, houve cerca de 48 milhões de atendimentos de urgência e emergência e 11 milhões de internações de urgência a um custo médio de R$ 1.135,26 por usuário, por internação.

Os custos dessas hospitalizações por medicamentos, no Brasil, podem ter ficado entre R$ 1,3 bilhão e R$ 3,6 bilhões. Estudiosos avaliam que a economia de recursos poderia ser da ordem de R$ 2,5 bilhões ao ano somente com hospitalizações, caso 70% dos problemas evitáveis fossem impedidos de acontecer. “A prescrição farmacêutica, seguramente, ajudará a minimizar esses prejuízos à saúde das pessoas e aos cofres dos sistemas de saúde”, previu.

A prescrição irá, ainda, valorizar as farmácias, que deixam de ser subutilizadas como unidades de assistência à saúde e passam também a contribuir com as questões sociais do País. Trará ganhos, ainda, aos farmacêuticos que terão a sua autoridade técnica reforçada.

Outro ponto que Walter Jorge abordará em sua palestra é a questão da cultura da automedicação, no Brasil. Segundo ele, essa cultura é profundamente arraigada e possui diversas origens, o que torna difícil a sua erradicação. Definir alguns medicamentos como de venda livre, disse o Presidente do CFF, é um indutor desta prática.

“O medicamento, ainda, é tratado como mercadoria no atual modelo mercantilista de farmácias e drogarias. A nossa expectativa é que a Lei 13021/14 mude o modelo”, declarou. Para ele, a prescrição farmacêutica, em casos de transtornos menores, levará à redução drástica da automedicação.

Walter Jorge lembra que, há mais de dez anos, a prescrição vem trazendo benefícios aos pacientes e aos sistemas de saúde, no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá. “Se a prescrição farmacêutica é boa para as populações e sistemas de saúde desses países, porque não seria boa para os brasileiros?”, concluiu.
 


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