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Veja dicas de como proteger o seu coração durante os jogos da Copa
Fonte: BEM ESTAR
Data de publicação: 17 de junho de 2014
Quem tem problemas cardiovasculares deve ter cuidado especial durante os jogos da Copa do Mundo. Estudos feitos em vários países demonstram que a incidência de infarto agudo do miocárdio, além de outros eventos cardíacos, tende a aumentar nesses períodos. Cardiologistas que já atuaram em serviços de emergência em copas anteriores confirmam o achado.
“Principalmente quando vai chegando perto da final, quando tem pênaltis e jogos mais emocionantes, temos mais casos de atendimento de infarto agudo do miocárdio e morte súbita”, diz o cardiologista Agnaldo Píspico, diretor do Centro de Emergências da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
De acordo com um estudo brasileiro de 2013, em dias de jogo da Copa do Mundo, a incidência de infarto aumenta entre 4% e 8%. A pesquisa, feita na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e publicada nos “Arquivos Brasileiros de Cardiologia”, analisou dados sobre internações e mortes no Brasil durante as copas de 1998, 2002, 2006 e 2010. As informações foram obtidas nos Sistemas de Informações Hospitalares do SUS. A Copa, porém, não impactou no número de mortes em decorrência de infarto.
Um resultado ainda mais drástico foi obtido em um estudo alemão. Ao avaliar os eventos cardiovasculares sofridos por moradores de Munique durante a Copa do Mundo de 2006, sediada na Alemanha, foi constatado que a incidência de emergências cardíacas no período foi 2,66 vezes maior do que em outras épocas. No caso específico dos homens, o risco de ter um evento cardíaco mais do que triplicou. O levantamento foi publicado em 2008, na revista “The New England Journal of Medicine”.
Uma disputa de pênaltis: quatro infartos
Diante de situações de forte emoção, como um jogo da Copa do Mundo, o organismo libera adrenalina, o que provoca um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. A necessidade de oxigênio do coração também cresce. “Quando o paciente tem predisposição, placa de gordura no coração ou alguma cardiopatia, a emoção do jogo pode culminar em um quadro de sintomas como falta de ar, dor torácica e até um infarto agudo do miocárdio ou uma parada cardíaca”, diz Píspico
O médico, que trabalha desde o início da carreira em serviços de emergência de cardiologia, lembra o caso de uma disputa de pênaltis entre Brasil e Holanda, nas semi-finais da Copa do Mundo de 1998, em que sua equipe atendeu quatro torcedores com infarto agudo do miocárdio. Um deles teve morte súbita.
Quem precisa tomar mais cuidado nos dias de jogo são pessoas que já têm fatores de risco para doenças cardíacas, segundo o cardiologista Leopoldo Piegas, do Hospital do Coração (HCor). Estão neste grupo as que têm diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, obesidade ou que são sedentárias. O risco é ainda maior para aquelas que já têm uma doença cardiovascular diagnosticada.
Torcer com bom senso
Para o grupo de risco, o cardiologista Fernando Augusto Alves da Costa, diretor do Instituto Paulista de Doenças Cardiovasculares, recomenda “bom senso ao torcer”. Isso inclui manter uma alimentação leve ao longo do dia de jogo, evitando os petiscos com excesso de sal e o exagero no consumo de álcool. “Não dá pra comer uma feijoada completa e ir ver uma decisão”, diz Costa.
Aqueles que já tomam remédio para o coração não devem deixar de usar a medicação no dia do jogo, com o pretexto de que vão beber. Para os que sabem que têm mais dificuldade de controlar as emoções, a recomendação é ver o jogo em casa, em um ambiente mais tranquilo, com um grupo pequeno de pessoas.
Em casos extremos, de torcedores muito fanáticos que já têm antecedentes cardiovasculares ou que sofreram infarto há pouco tempo, a recomendação dos especialistas é simplesmente desligar a televisão e o rádio, e deixar para descobrir o resultado só depois.
Ao sentir qualquer sintoma, como dor no peito ou mal estar, o torcedor deve buscar um serviço de emergência imediatamente, ligando para o 192 ou dirigindo-se a um hospital. Os cardiologistas alertam que, nesses casos, não dá para esperar o jogo acabar.
“Há sim um aumento de eventos cardiovasculares em dias de muita tensão, em decisões de campeonato. Resta às pessoas entenderem que a vida deve continuar e que não se pode perdê-la por causa de um jogo”, diz Costa.
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