Novo implante ajuda a prevenir perda de visão em diabéticos
Data de publicação: 17 de junho de 2014
Um implante biodegradável capaz de liberar uma medicação dentro do olho de forma gradual, por até seis meses, chegou recentemente ao Brasil e pode ajudar a combater a perda de visão entre pacientes diabéticos.
O dispositivo contém dexametasona, um medicamento anti-inflamatório da classe dos corticosteroides que é capaz de combater o edema macular, acúmulo de líquido na mácula (parte central da retina, na parte posterior do olho).
O edema macular é uma complicação grave entre diabéticos e pode levar à perda da visão. Normalmente, ocorre entre os pacientes que não têm bom controle da glicemia. Isso porque as variações de açúcar no sangue inflamam os vasos sanguíneos, que ficam mais permeáveis. Assim, podem ocorrer vazamentos de líquido para o exterior dos vasos.
O diabetes é a principal causa de cegueira entre adultos de 20 a 65 anos. No Brasil, existem 6 milhões de pessoas com baixa visão e 582 mil cegos, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Hoje, o tratamento para o edema macular é feito com laser e injeções bimestrais. Os medicamentos injetados, porém, são menos potentes que a dexametasona, segundo especialistas.
"A substância não é usada nas injeções convencionais porque sua ação é muito rápida, de horas", diz Paulo Augusto Mello, oftalmologista e consultor da Allergan, que fabrica o Ozurdex, nome comercial do implante. "Seriam necessárias muitas injeções."
A principal vantagem do implante, segundo Mello, é a sua tecnologia, que permite o uso por até seis meses do medicamento sem a necessidade de uma nova aplicação.
A implantação do dispositivo ocorre sem cortes, no consultório, com uma injeção que contém o pequeno implante. O paciente toma anestesia local e todo o procedimento dura cerca de 30 minutos. Não é preciso retirar o implante, já que o organismo absorve o material.
"Esse tipo de implante é o futuro do tratamento de doenças oculares", afirma André Marcelo Vieira Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. "A tendência é que haja mais terapias do gênero."
O dispositivo já foi liberado nos Estados Unidos e na Europa e, segundo os estudos que levaram à sua aprovação, também é eficaz contra a uveíte não infecciosa (inflamação da úvea, camada média do olho).
RISCOS
O implante, porém, não está isento de riscos, que envolvem infecções e o aumento da pressão intraocular. Esse aumento da pressão pode lesionar o nervo óptico, estrutura que transmite os sinais do olho para o cérebro.
"Outro risco é o surgimento de cataratas", afirma Rubens Belfort Júnior, professor do departamento de oftalmologia da Unifesp. Mas, de acordo com Paulo Augusto Mello, os riscos são mínimos e podem ser previstos.
Cada aplicação do Ozurdex custa R$ 3.267,94 e não tem a cobertura por planos de saúde. Não há previsão de chegada ao SUS.
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