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Dois anos depois de veto, emagrecedores podem retornar


Data de publicação: 17 de junho de 2014

Dois anos e meio após o governo ter proibido a venda e o uso de três tipos populares de emagrecedores no país, pessoas com excesso de peso recorreram a drogas de uso "off label" - registradas para outras finalidades, se submeteram a mais procedimentos médicos e tiveram agravado o grau da obesidade.

É o que relatam especialistas em nutrologia e endocrinologia ouvidos pela reportagem, que defendem a volta ao mercado das substâncias femproporex, mazindol e anfepramona (do grupo das anfetaminas e seus derivados).

Elas foram banidas em 2011 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para a qual não há provas científicas de que as substâncias são eficazes, e o risco do uso delas superaria os benefícios à saúde.

Esse veto, porém, corre o risco de cair. Um projeto na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado susta os efeitos da resolução da Anvisa que tirou os anfetamínicos de cena. Se aprovado na comissão, o texto vai ao plenário da Casa e à promulgação pelo Congresso.

A expectativa é que a CCJ avalie o texto em 2 de julho. A Folha apurou que a própria Anvisa já avalia que o projeto será aprovado. Médicos e pacientes a favor da liberação têm feito gestões junto aos senadores pela aprovação.

"A Anvisa tirou produtos eficazes, com trabalhos científicos e há mais de 50 anos no mercado. Os pacientes sumiram dos consultórios e voltam depois com diabetes e hipertensos", critica Dimitri Homar, médico integrante da diretoria da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Segundo Homar, a alternativa foi buscar medicamentos de uso "off label", que são mais caros e não são os mais adequados por não terem sido estudados para o emagrecimento. O topiramato (anticonvulsivante), Victoza (contra o diabetes tipo 2) e bupropiona (antidepressivo) são algumas das drogas procuradas.

O endocrinologista João Castro adiciona outro nome à lista das alternativas: a lisdexanfetamina, usada contra o deficit de atenção.

Castro afirma que a percepção, no consultório médico, é que aumentou o número de pessoas com problemas de peso e o grau de obesidade.

Os médicos rejeitam os resultados de uma pesquisa feita por telefone e divulgada pelo Ministério da Saúde que aponta a estagnação dos percentuais de excesso de peso e de obesidade em 2013.

Se aprovado o projeto, a Anvisa ainda poderia editar uma nova resolução, com os mesmos vetos algo com potencial político explosivo.

Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, prefere não entrar na questão política. "A Anvisa já manifestou sua posição técnica de forma exaustiva Somente uma lei pode dispensar a Anvisa da responsabilidade de evitar que existam medicamentos no mercado que causem mais danos do que a doença que pretendem tratar", afirma.

Fonte: Folha de São Paulo



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